O que têm em comum pessoas como Gisele Bündchen, Silvester
Stallone ou Elizabeth Gilbert? “Por que razão algumas pessoas parecem ter
nascido para a sorte e o sucesso?”
É sobre esse “segredo” que Jacob Pétry, jornalista e filósofo brasileiro,
se debruça em O Óbvio que Ignoramos. Ao longo de dez capítulos, Pétry vai
apontando exemplos e desvendando o que permitiu a personalidades tão diversas
terem sucesso.
Um dos aspectos focados é o talento,
a manifestação de um talento natural.
No caso de Gisele Bündchen, não é a simples beleza: “o segredo que está por
detrás de toda a beleza é a manifestação natural de um talento genuíno
desenvolvido ao ponto de atingir praticamente os limites da perfeição”. Ela
conseguia encarnar papéis e expressar emoções de forma genuína, tanto na passerelle como frente aos fotógrafos, e
isso destacou-a.
Em qualquer pessoa, o talento é a sua força maior, que não pode
ser negligenciado. O talento é algo que vem de dentro, não pode ser incutido
externamente. “Construir sobre o talento leva as pessoas a despertar a curiosidade
e a paixão que trazem dentro de si e não há fonte de energia maior que essa”,
refere Valdir Bündchen, pai da modelo.
Frequentemente acontece que há uma tentativa de elevar os pontos
fracos e reduzir os fortes. O resultado é a mediania. Cada pessoa tem o seu
talento, e esse é o seu combustível.
Laszlo Pulgar psicólogo e pedagogo húngaro, ao contrário do
referido anteriormente, entendia que conseguia desenvolver a genialidade em qualquer
criança. Casou, teve três filhas e tentou provar a sua teoria com elas, ensinando-as
desde cedo a jogar xadrez. Elas de facto tornaram-se boas jogadoras, conseguiram
vitórias consideráveis, mas nunca atingiram a excelência. E, com 20 anos,
desistiram do projecto do pai. Faltava-lhes a chama do talento. “A disciplina,
a técnica e o conhecimento tornam as pessoas melhores em qualquer área, mas
nada compensa a falta de talento”.
Talento, aqui, é definido como “uma aptidão natural que possuímos
para fazer alguma coisa com uma naturalidade superior relativamente à maior
parte das outras pessoas”.
Jacob Pétry refere também o excesso
de oportunidades como uma das causas principais do fracasso.
“Ao contrário do que pensamos, o maior responsável pela
mediocridade na vida das pessoas e empresas não é a falta de oportunidades, mas
o seu excesso. O excesso de oportunidades dissipa as nossas energias e divide
os nossos pensamentos em tantos aspectos e em tantas direcções distintas que,
ao invés de criarmos um foco seguro para nos fortalecer e servir de guia,
tornamo-nos vítimas da dúvida, da insegurança e, consequentemente, da fraqueza”.
Daí a importância de um foco único, de um propósito exclusivo.
Isso permite marcar um objectivo a atingir e traçar o caminho.
Entre vários exemplos, é apontado o caso dos Estados Unidos, surpreendidos
em 1958 pelos soviéticos com o lançamento do primeiro satélite de história, o
Sputnik. Em 1961, Kennedy, ao falar ao Congresso, definiu o que deveria ser o
objectivo dos americanos: “antes do fim desta década, levar um homem à lua e
fazê-lo regressar em segurança à Terra.” Esta meta implicou o desenvolvimento
em larga escala das ciências e da engenharia. O objectivo, como sabemos, foi
alcançado a 20 de Julho de 1969, muitos anos após JFK ter sido assassinado
(Novembro de 1963).
A Lei da Tripla
Convergência é mais um dos “segredos” desvendados neste livro e consiste no ponto em que se cruzam três factores: talento, paixão e dinheiro.
“É o cumprimento dessa lei, ou não, no momento de definir o propósito, que fará
toda a diferença”.
Talento, como já vimos, é a aptidão natural para fazer alguma
coisa com uma naturalidade única. Paixão é algo que gostamos tanto que faríamos
sem outra recompensa que não fosse o prazer de fazê-lo. Dinheiro será a
consequência da oferta de um serviço no qual se juntem o talento e a paixão, e
decorre do sucesso.
A resposta a estas três perguntas é o cerne desta lei:
- qual é o seu talento?
- qual é a sua paixão?
- como irá transformá-lo em dinheiro?
Um outro aspecto que o autor refere é a importância da primeira milha, que tem a ver com o
primeiro troço do caminho e com a energia necessária para esse arranque, como acontece
com o lançamento dos foguetões. É o primeiro impulso, o arranque.
Tal como um foguetão, “a descolagem da vida exige imensa energia.
Primeiro, porque precisamos romper a gravidade que nos rodeia, temos de sair da
zona de conforto. Segundo, carregamos todo o peso do talento bruto, muitas
vezes irreconhecível aos olhos do mundo. E, mesmo que tenhamos um talento
notável e um propósito definido de forma objectiva, há uma série de outras
componentes necessárias. Só conseguiremos assimilar essas componentes ao longo
do caminho.”
O último “segredo” que vou referir é o poder das convicções. Jacob Pétry dá a seguinte definição: “uma
convicção é a certeza obtida por factos ou razões que não deixam dúvida e nem
dão lugar a objecção. Essa opinião determinada forma um modelo, um padrão, uma
persuasão íntima que passa a fazer parte dos princípios que conduzem as nossas
acções. Elas são o piloto automático que dirige as nossas vidas”.
Em poucas palavras, somos o resultado das nossas convicções. Logo,
para obter resultados diferentes é necessária uma mudança de convicções. Sem
isto, não importam outros aspectos como o esforço, a disciplina ou outras
virtudes, uma vez que há uma diferente percepção interior, uma sabotagem
interna.
Jacob Pétry realça ainda outros elementos importantes para o
sucesso, nomeadamente o paradoxo da inteligência (pessoas simples alcançam mais
resultados que muitos sobredotados), os anos de silêncio (ou seja, os anos de
preparação antes de alcançar o sucesso), ou a importância do foco, do tempo e o
problema do sentido (ou seja, para onde direccionamos a nossa atenção).
É um livro para ter à cabeceira, para folhear com frequência e reler os muitos sublinhados que lá ficaram.
Na mesma linha deste texto, ler: Sucesso: existe uma fórmula mágica?
Na mesma linha deste texto, ler: Sucesso: existe uma fórmula mágica?
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Referências
Livro: O óbvio que ignoramos
Autor: Jacob Pétry
Editora: Estrela Polar
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